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terça-feira, 29 de março de 2011

A importância da Socialização e como fazê-la

      
O que é socialização?
A socialização é tornar o animal sociável e acostumado com os diversos estímulos a que estamos submetidos em uma vida em sociedade.

Vamos imaginar um filhote de três meses saindo de casa pela primeira vez. Tudo é novo e pode ser assustador. Essa idade está inserida no que chamamos de "Primeira fase do medo". Podemos dizer que seria equivalente ao período em que um filhote de lobo sai da toca pelas primeiras vezes. Quanto mais rápido ele aprender o que é perigoso, maiores são as chances de sobreviver. 
É necessário termos muita paciência nesse momento para entendermos os medos e trabalharmos para que eles não se desenvolvam.
 Em situações normais, daquilo que ficar gravado como sendo perigoso, o cãozinho poderá fugir ou atacar para o resto da vida. 
Agora vamos imaginar um cãozinho que mora há dois anos com outro cão. O que ele aprender, apenas com o outro cão, sobre relacionamento e linguagem canina será suficiente para se relacionar adequadamente com outros cães? Certamente não. Qualquer cão diferente que ele venha a conhecer poderá ser assustador. Seria o mesmo se disséssemos que conhecer apenas uma pessoa em nossa vida seja suficiente para conhecer a espécie humana e sabermos lidar com toda a sua complexidade.
O mesmo vale em relação à ambientes. Uma pessoa que nunca saiu de casa, dificilmente se comportará adequadamente fora dela.
Socialização passiva, o que é?
Socialização passiva é quando o cão é exposto a pessoas, cães equilibrados, etc. e o cão permanece na guia sem interferência do dono. Este filhote aprenderá apenas a 'suportar' os estímulos. Ele provavelmente vai apenas se acostumar a eles.
Nesta situação é muito comum que o filhote fique ansioso. Assim que vê uma pessoa ou cão, ele começa a puxar e ficar afobado, querendo interagir (sem saber como) e, na maioria das vezes, quase se enforca na guia.
Ou seja, na socialização passiva, o cão é exposto aos estímulos, mas não é feita uma associação positiva. Acaba sendo feita uma associação ao acaso. Muitas vezes gerando, inclusive, agressividade.
Socialização ativa, o que é?
A socialização ativa não é só acostumar o cãozinho aos estímulos, mas fazer com que ele os aprecie. Por exemplo, passar uma tarde no parque brincando com outros cães e pessoas.
 Ou, ao passar um ônibus barulhento ele ganha um petisco. Repetindo algumas vezes, o cãozinho pode começar a se sentir a vontade na presença de ônibus em movimento e, muitas vezes, passa até a gostar de estar nesta situação.
 O mesmo vale para pessoas (de idades e estilos diferentes), cães, motos, carrinhos de bebê, etc. Tudo aquilo a que nós, humanos, já estamos acostumados e nem nos preocupamos mais.
 Somente dar um petisco para o cão na presença dos estímulos é suficiente? Ainda não. Estaremos criando uma associação positiva, mas, isso ainda não é socialização ativa.
A socialização ativa ocorre quando o cão interage de forma saudável e agradável com os estímulos.
Como fazer para socializar ativamente meu filhote?
1. O primeiro passo é comprar seu cãozinho apenas depois de sessenta dias de idade. Ele precisa ficar até pelo menos sessenta dias com a mãe e irmãos. Não recomendamos comprar filhotes que não conviveram até esta idade.
Essa primeira fase de socialização é muito importante. O filhote aprenderá a linguagem canina básica (sim, ela existe!) com a mãe e os irmãos. Um filhote que passou bastante tempo nesse ambiente raramente vai ser do tipo que, brincando, morde os braços dos donos até machucar. Costumam ser muito mais equilibrados e fáceis de treinar, cedem com mais facilidade, são menos insistentes e aceitam melhor nossas propostas de treino.
2. Brincar com cães equilibrados, que gostem de outros cães, que não apresentem agressividade e dos quais seus donos tenham o mínimo controle. Ok, essa tarefa já é um desafio, mas existem cães assim. Opte por filhotes de amigos, ou cães que estão acostumados ao convívio pacífico com outros cães em praças, viagens, etc. Evite aqueles que apenas 'suportam' a presença de outros cães, mas na hora de interagir costumam dar aquele aviso 'Aufff' para o cãozinho se afastar. Você precisa colocá-los juntos de duas a três vezes por semana.
Escolha um local cercado e sem interferência de outros estímulos (que possam assustar) e de outros cães. Deixe-os brincar bastante, até cansar. Supervisione a brincadeira para que não se machuquem ou um não 'abuse' da boa vontade do outro. Nunca grite, brigue ou ameace, ao invés disso, oriente. Se o filhote está se excedendo, vá até ele e o afaste levemente do outro, quantas vezes forem necessárias para que ele se acalme um pouco e descubra que desta forma a brincadeira acaba. Se encontrar outros filhotes, coloque todos juntos e caso isso não seja possível, faça a 'procissão' com o seu, de casa em casa, o máximo de vezes que conseguir.
Muitas pessoas aconselham a deixarem os cães “se resolverem”. Esta opção é, sem dúvida, uma das piores encontradas. Assim como supervisionamos crianças e não deixamos que briguem entre si, não podemos deixar que isto ocorra com nossos cães. Certamente ele associará a presença de outros cães com apanhar ou bater.
3. Associe positivamente com petiscos (carinho não é suficiente nessa fase) no passeio, a passagem por portões com cães agressivos ou latindo e cães que passem na guia com seus donos. Pare a uma distância segura (que ele não apresente sinais de medo) e ofereça petiscos. Pode também induzir os comandos que ele já está aprendendo  como Senta, Deita, Dá a Patinha. O desempenho, neste momento, é irrelevante. O objetivo é conseguir que se concentre em nós enquanto o outro cachorro do portão se esgoela ou passa na guia. Crie uma lista de estímulos, por exemplo:  

·         Ônibus
·         Motos
·         Caminhão de lixo / gás
·         Outros animais
·         Pessoas que se aproximam com bolsas, chapéu, guarda-chuva, capa de chuva
·         Mendigos
·         Multidões
·         O que mais puder identificar como estímulos.
Andar 20 min. no meio de multidões já é um exercício mental imenso, que vai deixá-lo exausto. Sempre faça associações positivas.
Com pessoas:
1. Além de oferecer petiscos para seu cão na presença das pessoas de diferentes idades, etnias e alturas peçam para essas pessoas oferecerem petiscos para ele. Exemplos:  
·         Pessoas de diferentes etnias
 ·         Pessoas com alturas diferentes, de terno, homens, mulheres
 ·         Porteiros
 ·         Carteiros (!)
 ·         Varredores de rua
 ·         Idosos
 ·         Crianças – Chame crianças para brincar de bolinha com seu cãozinho. Ele vai adorar! Conselho: escolha crianças mais calmas e com mais de quatro anos de idade
 ·         Etc.
Uma vez só é suficiente? Não! Faça isso pelo menos 2 ou 3 vezes por semana. Após um mês, pode diminuir o ritmo.
Nossa, mas socializar meu cãozinho dá muito trabalho! Pois é, não podemos mentir. Porém, ao final desse trabalho, você dificilmente terá problemas de agressividade e medo e ainda terá um cãozinho equilibrado por toda a vida.
Um cão bem socializado consegue ser seguro o suficiente para resolver suas 'questões' sem precisar usar agressividade. Na maioria dos casos, a agressividade é fruto do medo daquilo que o cão não conhece ou possui uma associação ruim e quer repelir.
Cada cão é único e pode apresentar reações diversas aos diferentes estímulos. Cabe ao dono trabalhar cada uma delas. Você é a pessoa que mais conhece seu cão e, depois de alguma observação, conseguirá identificar com facilidade o que precisa socializar.
Uma boa socialização é, sem dúvida, o melhor investimento que você pode oferecer ao seu cão. Além de ser divertido você evitará problemas futuros e terá um cão equilibrado e seguro.
Faça uma lista de itens que você considera importantes que o seu cão saiba se relacionar e utilize esta lista como um guia para uma socialização planejada e bem feita.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Coprofagia


A coprofagia é um dos comportamentos menos aceitáveis pelos donos de cães, mas devemos entender que para o cão não há nenhuma ética que não o permita comer porcarias e até fezes.

Seus ancestrais, os lobos, nem sempre tinham alimento à disposição e em períodos de fome podiam utilizar fezes de outros lobos, outros animais e até de nossos ancestrais para complementar a sua dieta.

Atualmente, os cães podem ingerir suas próprias fezes, as fezes de outros cães, de gatos ou de humanos.

Dependendo do contexto em que a coprofagia ocorre, podemos utilizar diferentes métodos de controle.

Consumo das próprias fezes

Alguns cães ingerem as próprias fezes, enquanto outros podem apenas carregá-las pela casa, sem necessariamente ingeri-las.

Para alterar esse comportamento, devemos fazer um diagnóstico preciso, buscando possíveis causas para facilitar o tratamento.

A educação sanitária do cão pode ser um ponto de partida para a coprofagia.

Esfregar o focinho do animal nas fezes e urina ou xingá-lo sem mostrar onde é o lugar certo não ensina ao cão que o lugar está errado, ensina que o ato de fazer xixi ou coco está errado. Isso pode ser uma causa para coprofagia. O cão se livra das fezes ingerindo-as, assim não será xingado pelo seu dono.

Limpar as fezes do cão na frente dele também não é recomendado, pois ele pode tentar imitar você, mas como não tem mãos, acaba pegando com a boca mesmo.

O melhor meio para evitar a coprofagia é aumentar o controle sobre os horários de defecação do cão. Uma alternativa é levá-lo para defecar na rua duas vezes ao dia, no horário que ele geralmente defeca em casa.

Horários certos para alimentação ajudam a controlar o horário de defecação.

Existem algumas drogas comerciais que deixam um sabor amargo nas fezes, mas nem sempre são eficazes.

Colocar pimenta ou sal amargo nas fezes pode ser uma opção, mas a eficácia também não é grande.

Consumo de fezes de outros animais (dentro de casa)

Fezes de gato são muito procuradas pelos cães. A ração dos gatos é muito mais palatável que a ração canina, e as fezes deles mantém essa palatabilidade. Por isso, muitos cães ingerem fezes de gatos. Você pode controlar o acesso à caixa de areia do gato, com portas e frestas por onde apenas o gato passa ou colocando a caixa em cima de algum balcão ou superfície alta.

A ingestão de fezes de outros animais, como hamsters, coelhos e outros roedores, não é muito comum. Caso isso ocorra, a melhor opção é manter o cão afastado fisicamente do local onde esses animais defecam.

Consumo de fezes de outros animais e humanas durante o passeio

Ocorre principalmente em cães que ficam soltos, sem guia. Devemos entender, por mais nojento que seja para nós, que as fezes são uma fonte de alimento como outra qualquer para os cães e que alguns gostam mais de ingeri-las do que os outros.

Dessa forma, a ingestão das fezes por si só já é um reforço positivo para o cão, como se ele estivesse comendo um pedaço de carne, por exemplo, e por mais que você puna esse comportamento (até mesmo com choque!) ele pode não se extinguir.

Caso você tenha um cão que ingere fezes quando fica solto durante o passeio e isso te incomoda, prenda-o. Se não quiser prendê-lo na guia curta, coloque uma corda extensa, mas mantenha o controle sobre ele. Se mesmo assim quiser mantê-lo solto, fique o tempo inteiro atento a ele, evite que ele vá para longe de você e esteja certo de que ele obedece a todos os comandos que você dá. Caso contrário, é muito difícil controlar a coprofagia durante o passeio.

Por ser um comportamento instintivo e normal dos cães, a coprofagia é de difícil tratamento.

A chave para alterar esse comportamento é o controle do dono sobre o cão, para evitar as oportunidades.

Além dos aspectos comportamentais, devemos nos certificar de que o cão não tenha nenhum problema de saúde que explique a coprofagia. Cães com distúrbios de absorção intestinal, problemas pancreáticos ou que recebem dieta com baixo valor nutricional podem tentar complementar sua dieta com fezes.

Certifique-se de que seu cão esteja saudável antes de tratar a coprofagia, leve-o ao veterinário para avaliar sua dieta e para examiná-lo.