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quarta-feira, 6 de junho de 2012

TUMOR MAMÁRIO CANINO: UMA ROTINA NA CLÍNICA VETERINÁRIA


Ana Carolina Braga Nogueira
Médica veterinária formada pela Universidade Estadual de Santa Cruz  - UESC

















Introdução
Apesar dos grandes progressos que a Medicina Veterinária vem conquistando ao longo do tempo para a melhoria do bem estar e da saúde animal, o tumor mamário canino (TMC) ainda é uma rotina dentro da clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, sendo responsável por aproximadamente 52% de todos os tumores que afetam fêmeas da espécie canina (QUEIROGA & LOPES, 2002). São identificados em ambos os sexos, sendo bem mais freqüente em fêmeas, principalmente em animais de meia idade e idosos. Além disso,o TMC é uma patologia mais comum em cadelas do que em outras espécies (BOCARDO et al, 2008).
Alguns fatores contribuem para o aparecimento dos tumores mamários, como a idade, histórico reprodutivo e a influência de certos hormônios (NOGUEIRA & BRENTANI, 1996). Outras predisposições ao TMC são as pseudoscieses e a administração de contraceptivos ao longo da vida do animal (O’KEEFE, 1997).
A importância do estudo desta enfermidade vem aumentando, já que a freqüência de relatos de casos é cada vez maior assim como o interesse de utilizar o tratamento dessas lesões como modelo comparativo para o tumor mamário em mulheres devido à similaridade de ambas as patologias (SCHNEIDER, 1970; PELETEIRO,1994; DALECK et al., 1998).
Este artigo tem como objetivo instruir proprietários de cães, especialmente de fêmeas, para medidas preventivas, formas de diagnóstico e tratamentos do tumor mamário canino.
Revisão de literatura
A cadela apresenta entre 4 a 6 pares de glândulas mamárias, podendo variar de acordo com cada animal. Ao apresentar um tumor, seja este benigno e/ou maligno, uma ou mais glândulas podem estar envolvidas.
O tamanho dos tumores pode variar de 0,5 centímetros de diâmetro até mais de 15 centímetros, chegando, em alguns casos, a progredir para ulcerações cutâneas ou reações mais severas de inflamação (Figura 1).
Tumores benignos geralmente apresentam-se menores que 3 centímetros, firmes à palpação e bem circunscrtitos. Já os malignos possuem tamanho maior que 5 centímetros, bem aderentes aos tecidos, provocando muitas vezes a ulceração cutânea. Em alguns casos, pode ocorrer metástase, ou seja, a migração do tumor para outros órgãos, especialmente pulmão e linfonodos, mas também pode acometer rins, fígado, baço, pele, adrenais, encéfalo, olhos e esqueleto.



Figura 1 - Tumor presente entre a segunda e terceira teta de uma das cadeias mamárias de uma cadela


Fatores hormonais podem induzir o surgimento do TMC, pois já foi comprovado que a ação da prolactina, do estrógeno, progesterona, andrógenos e até hormônios tireoidianos circulantes em excesso podem estimular e aumentar o número dos seus receptores, provocando um descontrole hormonal (NOGUEIRA & BRENTANI, 1996).
Também foi relatado a predisposição de tumores mamários em cadelas que apresentaram pseudosciese assim como aquelas que receberam aplicações de contraceptivos durante a sua vida reprodutiva, demonstrando, assim, a ação prejudicial destes fármacos geralmente utilizados de forma negligente e sem orientação veterinária.



Estudos atualmente apontam a ovariosalpingohisteretomia, ou seja, a castração de fêmeas como uma alternativa para prevenir o aparecimento desta patologia. Isto porque como alguns hormônios sexuais participam do desenvolvimento de tumores mamários, a cirurgia de retirada dos ovários e tuba uterina inibe a secreção destes, diminuído consideravelmente a incidência do TMC. Segundo DEL PINTOR et al.(2008), o risco de desenvolvimento de tumor de mama em cadelas castradas antes do primeiro cio é de 0,05%, aumentando para 8% em cadelas castradas antes do segundo cio e 26% naquelas castradas após o segundo cio.

O diagnóstico baseia-se no exame físico e no resultado histopatológico da biópsia. Além disso é importante a realização de hemograma para uma avaliação geral das condições de saúde do animal e uma radiografia torácica no intuito de investigar possíveis metástases.

O tratamento de eleição é a cirurgia para a remoção dos nódulos, podendo esta ser curativa ou melhorar a qualidade de vida do paciente. A seleção da técnica cirúrgica dependerá do número e da localização do tumor, do estado clínico do animal, da preferência do cirurgião e das características clínicas dos nódulos, tais como tamanho, aderência e ulceração. É de suma importância a retirada de todo o tumor e parte dos tecidos adjacentes, muitas vezes o cirurgião tendo que optar pela retirada de toda a cadeia mamária.

Outras formas de tratamento menos empregadas na clínica veterinária são a quimioterapia e a terapia hormonal, porém devido aos poucos estudos realizados não é comprovada a eficácia destas terapias.
O prognóistico do TMC varia de acordo com as características do tumor, podendo apresentar-se de bom a reservado. Geralmente, quando um tumor mamário é diagnosticado como maligno, o animal pode apresentar mestástases mesmo após a realização da remoção cirúrgica da mama, tendo uma sobrevida de 18 a 24 meses.

domingo, 3 de junho de 2012

Parvovirose canina



A parvovirose é uma doença muito comum e causadora de 80% de morte nos filhotes contaminados. Não é transmitida ao homem. Ela pode atingir cães em todas as idades, daí o cuidado em se manter o cão vacinado anualmente. 
A transmissão da parvovirose se dá pela via fecal-oral pela eliminação de uma quantidade maciça de parvovírus nas fezes dos cães infectados. Como o vírus pode permanecer infeccioso por muitos meses no ambiente, a contaminação ambiental exerce um papel importante na transmissão, devendo ambientes contaminados ficarem sem receber outro animal por, no mínimo, um ano. 


Os sinais da enteropatia ocorrem geralmente cinco dias após a exposição ao vírus e a virose pode infectar cães de qualquer idade, sendo que, a incidência da doença clínica é em cãezinhos entre o desmame e os seis meses de idade. Apesar de os cãezinhos mais jovens que seis semanas encontrarem-se geralmente protegidos por imunidade materna passiva, e os animais mais maduros imunizados ou soroconvertidos a partir de infecção subclínica. 



Recomenda-se a vacinação protocolar de filhote (três doses de vacina) para quase todas as raças de cães, com exceção de Rotwailler e Doberman, raças bastante suscetíveis, que devem receber quatro doses de vacina contra a parvovirose. 



Os sintomas clínicos da Parvovirose são: 
• Anorexia, depressão, febre, vômito, diarréia fluida intratável (que pode ser abundante e hemorrágica) e desidratação rápida e progressiva; 

• Nos cãezinhos muito jovens e nas raças altamente suscetíveis pode ocorrer morte geralmente atribuída à desidratação, desequilíbrio eletrolítico, choque endotóxico ou septicemia bacteriana debilitante; 
• A falta de higiene, o estresse, infecções bacterianas secundárias ou intercorrentes como cinomose, coronavirose, salmonelose, campilobaciloses e parasitismo intestinal podem aumentar a severidade da enfermidade; 
• A infecção intra-uterina ou pós-natal pode causar miocardite neonatal; 
• Os cães adultos não imunizados podem apresentar infecções suaves ou inaparentes que resultam em soro-conversão.


Prevenção:
A prevenção da parvovirose se faz com vacinação, de acordo com o protocolo determinado por cada veterinário. Recomenda-se uma dose inicial aos 45 dias com dois reforços ou três com intervalo de 21 dias.
Importante frisar que o Parvovírus, por ser não envelopado, permanece por até cinco meses no meio ambiente, portanto deve-se fazer uma desinfecção rigorosa e evitar contato entre cães não vacinados no mínimo até o primeiro reforço e de preferência até completar todo o ciclo vacinal.
 
 O diagnóstico deve ser feito também através de exames laboratoriais, pois existem algumas verminoses e intoxicações que podem ser confundidas com a parvovirose, se muito intensas.
 Todas e quaisquer doenças dos cães devem ser tratadas por um veterinário.